Sobre Essa Bagaça

Eu sou a Nathália, e esse blog foi feito pra espalhar meu ódio, especialmente em relação à animes.
(Nathilustra, sacou? É tipo Nathália... E ilustra... Nathilustra... Genial, né?...)

terça-feira, 10 de maio de 2016

Stanley Parable e The Beginner's Guide: experiências em forma de video game

*alerta gravíssimo de postagem enorme*

Não, gente, eu não morri. Juro proceis. Fiquei um bom tempo sem postar por puríssima preguiça (que blogueira de merda que eu sou ;---; ), mas agora retornei das cinzas cósmicas trevosas e estou pronta pra mais uma review!

Dois milagres aqui: primeiro, estou falando bem de alguma coisa. Segundo, essa coisa é um jogo! Ou melhor dizendo, DOIS fuckying jogos! Parece que a postagem de hoje vai render, né nom?



Depois da podreira que foi Life Is Strange, concluí que a postagem perfeita pra esse blog seria um jogo de escolhas que cumpre a premissa básica de mudar de acordo com suas ações, e o jogo da vez é The Stanley Parable, criado por Davey Wreden. E pra complementar, eu também trouxe The Beginner's Guide, que é narrado pelo criador desses dois jogos e é repleto de metáforas sobre a vida de Wreden após o lançamento de The Stanley Parable,



Prontos, amiguinhos? Então vamos lá!
*dancinha do vamos lá*



Premissa:

Os dois apresentam premissas quase que opostas entre si: enquanto The Stanley Parable funciona com sistema de escolhas e te incentiva a rejogá-lo repetidamente, Beginner's Guide é praticamente uma experiência única, que só pode ser aproveitada por no máximo duas vezes.


A partir daqui, eu vou falar tudinho sobre The Stanley Parable pra garantir que ninguém aqui vai se confundir. Depois, vou falar de Beginner's Guide com spoiler da vida real. Acreditem, o jogo fica melhor com spoiler.


Agora, a historinha marota de Stanley Parable: você controla um homem chamado Stanley (AVÁ!), um trabalhador normal de uma empresa normal que vive uma vida totalmente normal. Um dia, todos os funcionários da empresa simplesmente desaparecem, e o personagem decide sair do seu escritório pra investigar o que aconteceu. A partir daí você decide como a história continua e termina.

"Nossa, Nathália, bela bosta!", vocês devem estar pensando agora. Mas não se enfureçam, porque o jogo tem um toque muito especial: TUDO o que você faz ou fará é dito por um narrador, que continua sua história ou briga com você dependendo de suas escolhas. Vou dar alguns exemplos aí em baixo.


Desenvolvimento:


Assim que o jogador sai do escritório, o Narrador (que é um personagem fabuloso, por sinal!) diz que "Stanley decidiu ir para a sala de reuniões". Andando mais um pouco, Stanley chegou a uma sala com duas portas, e "entrou na porta a sua esquerda". Se o jogador obedece o narrador, a história continua sem interrupções, e se Stanley continua seguindo as ordens do narrador até o fim, ele conquista um dos poucos finais em que Stanley não morre ou enlouquece.

A primeira escolha importante do jogo. Cada uma dessas portas é caminho pra pelo menos 5 finais.
(aprenda, Life Is Strange, aprenda)


Mas, se você começa a desobedecer o narrador, ele começa a fazer ajustes sutis em sua preciosa história. Se esse ritmo continua, Stanley chega a um lugar completamente remoto na empresa e o narrador comenta que "Stanley era tão perdido que era uma verdadeira façanha ele não ter sido demitido até então!".

E as escolhas continuam em um fluxo constante. Tudo o que o personagem faz é andar, então cada novo ambiente que é explorado significa uma nova escolha. E, principalmente, novos diálogos do Narrador.


Personagens:


O jogo só apresenta dois personagens: Stanley (duuuh) e o Narrador. O protagonista é Stanley, mas ele não faz nada além de andar, então não dá nem pra falar sobre a peça rara. Agora, com o Narrador o bagulho é diferenciado... TUDO gira em torno desse personagem. O Narrador é sarcástico, energético e muito, mas MUITO mutável.

E claro, como estamos falando de um jogo de escolhas, obviamente que queremos ver TODAS as facetas do nosso querido Narrador!
*risada maligna reprimida*


Como um bom contador de histórias, tudo o que o Narrador quer é contar a sua história do jeito certo. A história de como Stanley corajosamente adentrou nos porões da empresa, descobriu que esta trabalhava com controle mental este tempo inteiro e desativou todos os controles, conquistando a plena liberdade física e psicológica no final do jogo.

Se você obedece direitinho os comandos do Narrador, ele se torna seu maior aliado. Os dois se emocionam, enraivecem e trabalham juntos com a narração acalorada do nosso locutor predileto. E no fim, tanto Stanley quanto o Narrador terminam o jogo felizes, satisfeitos e certos de que a história acabou.

Inclusive, a última coisa que o Narrador diz nesse final é "Stanley... Estava feliz".


Mas claro, isso é apenas um dos 24 finais do jogo. Sim, amiguinhos, eu disse 24 finais.

aprenda, DontNod, aprenda, TellTale, aprendam, todos os jogos de escolhas que iludem a gente com premissas enganosas.


Se você escolhe desobedecer cada vez mais o Narrador, ele muda completamente. De aliado, ele se torna o seu maior inimigo. O filho da puta narra o seu sofrimento com divertimento (afinal, nada melhor do que ver um estragador de histórias se dar mal!), embora exista um final em que ele simplesmente se cansa de tudo aquilo, ao ponto de quase chorar. É como eu disse: o Narrador é extremamente mutável, porque o comportamento dele depende dos caminhos que você percorre.


Conclusão:

Agora contemplem a parte mágica: não existe conclusão ou final verdadeiro para o jogo. The Stanley Parable apresenta 12 finais com reset e 12 semifinais (que acontecem quando o jogador encontra um final meio bosta ou ridiculamente hilário, como o final do "Quarto das Vassouras").

Alguns exemplos de finais: o que você segue a narração e se liberta do controle mental da empresa, o que você se depara com um museu com todo o conteúdo do desenvolvimento de The Stanley Parable, o que você simplesmente fecha a porta do seu escritório porque acha que alguem *um dia* vai te encontrar lá, o que você começa a alucinar sobre estar dentro de um jogo para esquecer a rotina estúpida do seu trabalho e até um em que o Narrador te manda pra dentro do Minecraft e Portal porque o jogador "não acha meu jogo bom o bastante".

Contemplem: Todos os finais de Stanley Parable!
(agora com um gráfico gigante pra vocês lerem tudo certinho)
(pessoalmente, meu final favorito é o Confusion. Pesquisem lá no Youtube)


Qualquer um desses finais pode ser o verdadeiro, porque isso é inteiramente escolha do jogador. Da mesma forma, qualquer interpretação sobre o jogo é puramente aberta, porque nem o próprio criador tem uma ideia de qual mensagem ele queria transmitir.

Concluindo, The Stanley Parable é um jogo sensacional! As escolhas funcionam, o Narrador é fantástico, o senso de humor do jogo é super inteligente e o roteiro é perfeitamente construído pra permitir todo tipo de interpretação.

Ou seja, esse jogo é pura...



Com isso, chegamos a Beginner's Guide. Esse jogo foi lançado alguns anos após The Stanley Parable, e todo mundo ficou empolgado por saber que o autor era o mesmo de Stanley, jogo esse que ganhou uma quantidade absurda de prêmios, reviews positivas (11/10) e indicações para "Jogo do Ano".

Em Beginner's Guide, o jogador transita dentro de jogos nunca terminados, supostamente criados por um cara chamado "Koda". Tudo isso acontece enquanto David Wreden narra tudo, se apresentando como o melhor amigo de Koda. Durante a gameplay, David reflete sobre as dificuldades na vida do seu amigo e sobre como este não conseguia criar o "jogo perfeito". Além disso, ao navegar pelos jogos não terminados o criador tenta interpretar o que se passava na mente de Koda enquanto ele tentava programar os jogos.

Pausa rápida pra contemplar os cenários de Beginner's Guide. Por mais que todos eles *supostamente* pertençam a jogos nunca terminados, cada um deles tem uma atmosfera sensacional.

 
 
 


Assim como The Stanley Parable, The Beginner's Guide não te dá uma resposta ou interpretação verdadeira sobre a experiência do jogador. Analisando apenas o jogo, não se sabe se David está tentando ajudar Koda, se está expondo Koda e sendo um babaca, se ele é realmente amigo de Koda... Na verdade, não se tem certeza nem de que Koda realmente existe.

Mas, na vida real, é possível encontrar a resposta. The Beginner's Guide é consequência direta do sucesso estrondoso de Stanley Parable. Explicando melhor: depois do lançamento desse jogo, David foi cada vez mais e mais sendo questionado sobre o jogo, sobre o que o motivou a fazê-lo, sobre a mensagem principal por trás de The Stanley Parable.... E na verdade, ele nem tinha a resposta para essas perguntas.

David entrou em um estado quase de depressão. Ele se sentiu pressionado, frustrado por achar que nunca mais conseguiria agradar as pessoas após o endeusamento de Stanley Parable. A cada indicação a prêmios, o criador se sentia cada vez pior, pois sabia que teria que aguentar mais pressão, mais perguntas e mais expectativas.

Pra vocês terem uma noção, aqui estão alguns trechos de uma postagem que o próprio David fez no seu blog (link da postagem original aqui) : 

"Esses meses após o lançamento (de Stanley Parable) foram muito estressantes. (...) (Recebia) e-mails de fãs e jornalistas me perguntando de novo e de novo e de novo e de novo de onde a ideia pra The Stanley Parable surgiu, até que a resposta para essas questões simplesmente estagnou e perdeu seu significado, e até eu comecei a me esquecer de onde a ideia realmente surgiu. (...) Eu não conseguia falar com mais pessoas. (...) Toda vez que eu olhava a opinião de outra pessoa sobre o jogo, eu sentia menos certeza da minha própria opinião nele. Eu comecei a esquecer por quê eu gostava do jogo. Eu estava perdendo a coisa que eu criei"


Bateu aquela bad repentina....


De qualquer forma, saber sobre tudo o que aconteceu com David entre o lançamento dos dois jogos enriquece (e muito!) a experiência do jogador. Quando você pensa que tudo sobre o que ele fala é sobre ele mesmo, The Beginner's Guide ganha uma carga emocional tremenda. Os diálogos ocasionais, os cenários, os objetivos de cada jogo interminável e a narração de David: tudo gira em torno das dificuldades do criador, na angústia que ele passou após o lançamento de The Stanley Parable,


Mas bem, gente linda, é isso. Altamente recomendo os dois jogos. São experiências incríveis, seja por jogar sozinho ou por assistir uma gameplay. (eu mesma fiz a segunda opção.)

Espero que agora eu tenha contribuído pra coletânea de jogos favoritos de vocês, porque esses dois certamente estão na minha! Se vocês estiverem interessados em um bom jogo de escolhas, boas metáforas e uma história tocante, com certeza joguem The Stanley Parable e The Beginner's Guide!


Classificação:
Joga. Totalmente joga. Digere os jogos até dizer chega e depois me agradece.



Tchau, amiguinhos, até a próxima postagem!
(isso, é claro, se eu não fizer a façanha de sumir DE NOVO por meses a fio por pura preguiça)

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